
Vasculho um poema teu procurando poeira
Poeira do meu passado
Se existiu algo em ti igual a mim,
Nostalgia inútil
Culpa de um presente vazio
Repleto da tua ausência.
Pegaste o primeiro trem
Aquele que foi o meu terceiro
Aquele que na estação eu quis muitas vezes pagar tua passagem
E agora com o tempo foste embora,
Sem precisar do meu adeus no portão de embarque.
Me despedi te dando dois beijos no rosto
E nos meus olhos a vontade de te guardar para sempre
Na minha boca as palavras emudeceram
Já não tinham mais sentido
O meu abraço falou por elas...
E no teu corpo fazendo um laço
Eu quis deixar algo de mim em ti
Algo maior do que eu espero ter deixado
E tirar de ti algo mais forte do que você me deixou
Algo mais forte que senti
Quando estavas presente.
Da dúvida do amor que sentisses
E das perguntas que não tive coragem de fazer
Eu fiz um sorriso
E um coração cheio de melancolia e saudade
Porque o coração não finge
E esta saudade não se esvai com o fim
Nem com a promessa de ser feliz.
Somente um novo amor
Calmo e silencioso
Com os passos sorrateiros
Feito os que o teu deu no meu caminho
Pode essa saudade afastar.