quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Olhos azuis

Olhos azuis
e ternura
Parecia o céu
com paz e calma
pêlos branquinhos como nuvens
Me sentia tranquila
quando seus olhos piscavam
pros meus
Falo no passado
mas e o presente?
onde estão seus pêlos fofinhos?
quero dar carinho
e ninguém se importa.
São só quatro patas
e miado.
Lembro do seu último olhar
parecia triste
mas sereno como sempre
não gostava que o sufocassem.
Aprendi com ele
entre arranhões
e mordidas
que amor tem que ser dosado.


*Dedicada ao meu gato

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Tempo Vermelho

Meu tempo interior
não é amarelo
é vermelho
como o sangue quente
que jorra
das carnes do açougue
tentando sobreviver
aos últimos minutos
antes da morte.
Vermelho
ele pulsa
a cada segundo
que passa
e a cada segundo
que fica.
Ficam os beijos
ficam as noites
ficam os dias
todos ainda vividos
dentro deste vermelho rubro
do meu coração,
se a cor do mundo é amarela
como o tempo mal-vivido
cheio de tédio
adormecendo
em praças
e películas de filmes antigos
amarelando
apodrecendo
passando
em cada passo do relógio.
Eu tomo o gole vermelho
de um vinho
para misturar
com este tempo amarelado
o vermelho quente
que se acende
sempre ténue
dentro de mim
como uma chama
nem vermelha
nem amarela
mas laranja.



*Inspirado no poema de Renato Carneiro Campos-Tempo Amarelo

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Contemplação

Escrever nada mais é
que contemplar
as cores
os cheiros
os ritmos
que cercam.
E a cada
ritmo
som
odor
não contemplado
eis o papel em branco
desolado
como um rosto triste
abandonado
por mal-me-quer.

Voei

A chuva levou até as palavras
e lá naquela rua
tive alguns devaneios
tirei os pés do chão
e voei
voei sem sair da órbita.
Não sei se posei num passado
se pisei num futuro
ou se estava dormindo no presente
e não fiz questão de acordar.
Será que já acordei?
ou faço questão de dormir?
o mundo é o mesmo
esteja sóbrio ou não
Embriago-me e curo o tédio
por alguns segundos.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Extraconjugal

Como descrever a felicidade conjugal?
Com algo igual.
Precisa morder com aparelho e língua
Precisa ter a sua pinta(s)
E tem que ter cabelo emaranhado
Visões diferentes do mesmo prazer
Que vem quente e gela
E a tarde
Que desperta
Acorda os sentidos que andam meio tortos
Desconcertados
Cada quarto teu é o teu quarto
Para quê sonhar acordado?
Acordados
Vemos a hora passar
O principio de toda felicidade é o toque
É o cheiro que não se esquece
Ainda mais quando anoitece
Terminado tudo, deixe as coisas quietas assim
Boca se entende com boca
Corpo com corpo
E todo o resto
Quem complica
É a mente



*Poesia de Rafaella e Paula

E os corpos se entendem

Tanto tempo pra perder
tentando encontrar
o que não se acha mais.
Tanto tempo pra gastar
na sua frente
E o escuro vem
pra minha boca se entender com a sua.
É o que tenho
dentro do que é seu.
Ainda posso sentir suas mãos
e esse sentir dura uma eternidade
mas meus sonhos estouram
como balões
não podem mais voar
sem esquecer os pés que ainda cravam o chão
mas estes segundos teus
em mim
incham
e começam a flutuar
como pensamentos ditos
que não te surpreendem.
O amor só surpreende quando se ama.
Se há esperança
entre este abraço
este quarto
este eu
não sei.
Só sei que sinto.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Dorme

É hora de dormir
meu bem
já é quase a hora
de o mundo se acabar
quero morrer sem sentir dor
quero morrer de olhos fechados.

Domingo

Não se espera quase nada do domingo.
Nem chuva
só missa
tv
futebol
e tudo é tão melaconlico
têm mensagens tão repetitivas
e programas tão chatos.
Têm sorrisos caros que não dizem nada
e as mesmas músicas
tem almoço
e familia
e eu
quase ria
se fosse tu
em qualquer dia
até que essa rima ajudaria.
Mas é domingo
e tudo é chato
até os bêbados querem dormir
para curar o sábado
já faz tempo que domingo
é sempre domingo.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sonhos

Sinto o tempo correr
entre os dedos
que não são meus
escorregar entre escolhas,
a sensação que sinto ao pressionar cada dedo
é uma doçura que só existe
em sonho
sonho de querer
como algo calmo e verdadeiro,
as vezes o corpo fala melhor.
Que fosse tudo assim
pressa em viver
me tira o sono
e o sono revela
a verdade
dentro dos sonhos
que se postam distantes
em direção oposta de chegar.
Mas temos o mesmo lugar para ser feliz
este que ainda podemos encontrar.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Nublado

Dias nublados são como rostos
Com uma melancolia simples
Sem muito com que se alegrar
E sem nenhuma dor também.
Vento frio que vem da janela do quarto
Vontade de se aquecer
Tão frio quanto um coração vazio
Anuncia a chuva
Que vem do céu
Para terra
Mas em minha terra não há chuva
Nem sol.
Nublado sempre é sem graça.