quarta-feira, 25 de junho de 2008

Apenas mais um pouco de Tempo...

Às vezes penso no silêncio. Penso em tardes que não existem mais, conversas nunca mais conversadas, beijos nunca mais trocados, pessoas que nunca mais verei, gente que passa, sentimentos que passam. Só a lembrança fica, a memória é imortal. Mas que sou eu? Uma velha a pensar no passado? Paro e só tenho vinte e poucos anos, ainda existe o hoje, e amanhã também virá, mas sempre será hoje, o ontem passou, e só deixou a lembrança dele, o que revela que não podemos mais fazer nada quanto ao que aconteceu, apenas lembrar, o que não quer dizer que tenha que se viver de lembranças, pois se o passado não é continuo, o presente dura, e é dele que devemos lembrar. Mas o verbo lembrar não combina com presente, foi feito para usar com o passado, o presente não se lembra, o presente se vive. Quero ser eu como um verbo Gerúndio, continuo, durativo, indefinível de tempo, sem pressa, processo que não se acaba, transforma, vive. Sem relógios, sem bússolas, sem rumo, sem direções. O presente a rolar como uma pedra no despenhadeiro, como um fluxo. No fim serei eu como sempre, e como nunca fui, pois o que já fui e não sou mais é passado, e o que sou é o que se ver hoje, e o que serei não se define. Transformação. E não modismo. Quero me transformar para algo melhor do que sou, quero descobrir para poder me transformar, assim serei em mim uma eterna descoberta, e para você talvez eu seja também, basta apenas me conhecer, hoje.

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