domingo, 20 de julho de 2008

Mulher sem razão

Julho. Inverno. Dia frio, com pouca alegria, mas nenhuma tristeza. As paisagens na janela do ônibus imitam a vida: monótona e veloz. Pela manhã escuto as ondas e me pergunto: o amor existe? Acordo cedo, o sol não conseguiu me queimar hoje. Hora de voltar para casa, a pequena grande cidade, de novo. A casa está a mesma, poeira, poeira, as pessoas também, as mesmas. Limpo os livros, guardo as tralhas e revivo os dias anteriores, ao telefone, que saudades de falar! Conselhos... ”você precisa aprender a ser que nem eles”. Fome. Preciso de ar, de tudo arrumado como eu gosto, preciso de comida, amigos, livros, música, cinema, saúde, boa conversa, paz, internet, meu gato, uma câmera digital, diversão, dinheiro, vagabundagem, drogas, sexo, amor, chocolate, café com leite, e de você por enquanto... Por enquanto... Até que mais um apareça. Até que mais coisas apareçam. Necessidade. Tem uma música que não sai da minha cabeça. Meu quarto, minhas roupas estão sujas. Meu ouvido dói de escutar. Falta de paciência. Nem sempre as pessoas mudam. Felizmente ou infelizmente? Não senti saudades de coisas ruins. O gato se espreguiça no sofá, qual será seu nome mesmo? Vida boa. Mais frio. Dormir na minha cama hoje. Finalmente. O bolo da vovó. Que vidro enorme de azeite! Como estão cozinhando sem cozinha? A casa está realmente um caos, mas continua a mesma. Eu assisto TV, mas não presto atenção, posso parar de pensar desse jeito, penso. Uma espécie de meditação. Em que lugar estava? O que vou fazer amanhã? A viagem foi boa? Devo ligar? Mais rotina. Quero café, só tem coca. Desligo o celular, não devia ter ligado. Seria o amor um estado de dependência? Mais um texto. Esse computador é uma lesma. Mais conselhos... “você precisa ser mais racional”. Seria eu uma “Mulher sem razão”? Risos. E ela (a música) não me sai da cabeça... “saia desta vida de migalhas...” Cantarolando.