segunda-feira, 15 de novembro de 2010

10/11/10

Eu não sei te guiar. Me dá tua língua que te entendo. Me deixa atravessar esse túnel onde você se esconde, escavar buracos, pular de alturas gigantes. Nenhuma palavra vai caber, nenhum símbolo vai suportar, a densidade do que não se pode descrever. Os humanos são ridículos, pendem em suas palavras, nunca sabem o que dizem. Decreto o fim dos discursos, não quero mais ter palavras para afirmar o que eu sei reconhecer com os dedos. Vamos nos trancar, em quartos escuros com drogas libidinosas, ouvir um blues etílico e excitante, catar pontas de desejos nas paredes. Gotas de chuva na luz do poste, e a calma de uma cena triste na tevê, tua voz forte que eu queria escutar, sua cantora preferida para me consolar.Porque a alma teima em lembrar do que foi bom. O frio noturno dessa cidade, a leveza da pintura de Malinowski. Tudo é mais bonito quando se é permitido amar. Me dissolvo como sal diante da tua pele, seus olhos da cor do infinito, um paraíso cheio de cores noturnas. Se tu tivesses calma como tem o teu sorriso, eu te falaria coisas bonitas, eu fecharia meus olhos mais vezes para ouvir tuas canções. Mas prefere a fúria, a loucura desenterrada do teu abismo.

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