terça-feira, 15 de junho de 2010

Silêncio

A vida parou ou anda depressa demais? Janelas passam diante das paisagens, letras formam palavras, e palavras voam em meus pensamentos, voam alto, minha língua não consegue alcança-las e fico assim sustenida, surda, muda, calada. Tento acordar os dedos e perguntar a eles sobre a vida, eles não dizem nada, teclam, teclam, e não dizem nada. Palavras, meras companheiras de bebida, meras companheiras de noites solitárias, namoradas frias e taciturnas, mulheres adulteras. Ficam de mau-humor e vão embora, brigam, traem e voltam sem dizer nada. Essas palavras mal-humoradas vivem cheias de rancor por mim, como se eu fosse um cafageste que as tivesse trocado por uma linguagem oral e empírica. Vivo sim, mas não mais freneticamente nas palavras, que saudades eu sinto delas, minhas doces companheiras, inteligentes e tantas vezes bem mais compreensivas que as ditas cujas que me dizem por aí. Voltem, por favor, voltem, me façam feliz, me deixem escrever. Prometo ter mais responsabilidade, prometo dar mais atenção, e religiosamente exercitar. Enlouquecer minha língua em tua língua, esparramar meus olhos em teus códigos, e ouvir minha voz a te declamar.

2 comentários:

- ૪ Renαtα Rαbertα disse...

Nossa gostei de mas das suas palavras

Le Monde et Les Gens disse...

Stop! A vida parou?ou foi o automóvel?
kkkkkk