terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Entre príncipes e princesas


Mais uma noite se passa com a mesma calma que não gosto, enquanto buscamos a segurança somos atraídos pelo perigo, ele que move, ele que envolve, com suas mãos de fada e seus olhos de doçura. Quente entre pernas e quartos a meia luz. Porque não querer o óbvio, o que a gente sabe que vai dá certo, a certeza plena não envolve, não satisfaz. Enquanto se fecham as portas das oportunidades se abrem as portas do medo, e não adianta ter jardins floridos para sustentar a ilusão, um dia a chuva vem e arrasta as rosas com as raízes mais firmes do seu jardim. A realidade é o abrir de olhos em meio ao sonho mais feliz, é o final do abismo em que se caiu, o chão, é o pai bravo descobrindo seu segredo, o último adeus a quem se ama. Eu poderia acordar agora, tomar o meu banho, vestir a minha roupa e continuar a minha rotina com o que tenho e o que posso ter, apenas. Mas precisamos sonhar, só para ficarmos insatisfeitos, a eterna insatisfação humana não se satisfaz. Mesmo que eu tenha sonhado o sonho inteiramente, sem nenhuma interrupção, mesmo que alguém tenha me contado uma linda estória antes de adormecer, dessas em que o príncipe salva a donzela em perigo, ou a que o bem vence o mal no final, a realidade continua a ser a vilã que rouba a cena, e fico de olhos abertos a noite inteira, vendo o sonho passar junto com a noite, e o real se aproximar junto com a manhã, pulo da cama da fantasia e volto para a cama da realidade e dela vejo o corpo do sonho estendido na cama da fantasia me dizendo para voltar. E como a mocinha indefesa que insisto em não ser volto, mas nesse conto de fadas o final não é previsível, mesmo que as pistas levem para um final infeliz, na minha estória não existe o príncipe que venha me salvar, me cansei do príncipe e me sinto culpada por isso, me cansei de ser princesa e por isto não sinto culpa. E busco enfim o caminho que não tem tijolos de ouro, o mais difícil, o que uma princesa não escolhe sozinha, pois no seu castelo há criados que lhe servem. No meu castelo não há mais criados, nem príncipes, nem reis despóticos, nem rainhas loucas, nem mesmo eu sou uma princesa, e mesmo que eu ainda acredite em conto de fadas eu sei que no final da estória não vai ser um príncipe que vai me salvar.

Um comentário:

bocadepoema disse...

não era uma risada não!!!!!!Ker dizer só vc sabe q n era!adorei a foto da postagem...volto a dizer: qnd crescer kero escrever q nem vc!