quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Me ponho sobre seus cabelos e penso:

Teus cabelos encaracolados não sabem o que fazem
Me ponho sobre eles e penso: porque o mundo é tão cruel?
Não somos desse mundo, somos de outro mais bonito
Com sorrisos e cócegas que não cessam
Com narizes tortos indicando a gentileza
E sorvetes de amendoim.
Me ponho sobre seus cabelos e penso: de onde vem tanta calma?
Se vivemos com pura alma e somos burros,
Se não vivemos e não sentimos como querem,
Se nos importamos,
Se somos nós e não cansamos de ser.
Se sou eu e você em uma praça a nos perguntar o que devemos amar,
Mais uma vez me ponho sobre seus cabelos e penso: sofro.
E por sofrer às vezes sou feliz.
Não há mal nisso.
Me ponho sobre seus cabelos e penso: que poesia deveria decorar para você?
Se sabes do Quintana, do Bandeira e do Gullar,
Em qual lugar?
Numa praça, numa estação, ou num boteco,
Em que teto devo estar?
Me ponho sobre seus cabelos e penso: como pode me compreender?
Como pode gostar dos meus olhos se eles nada dizem?
Me ponho sobre seus cabelos e penso: é aqui que deveria estar.

Um comentário:

Jhon disse...

Uau, muito bom!
Mas não se sinta feliz com sofrimento, viu, mocinha?
=***